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Sobre esses índios assombrados com o que lhes sucedia é que caiu a pregação missionária, como um flagelo. A cristandade surgia a seus olhos como o mundo do pecado, das enfermidades dolorosas e mortais, de covardia, que se adonava do mundo indígena, tudo maculando, tudo apodrecendo.
RIBEIRO, Darcy. O povo brasileiro. São Paulo: Companhia das Letras,1995. p.43.
Que sentido no texto o autor atribui à palavra “cristandade”?
Andavam devagar, olhando para trás, como quem quer voltar. Não tinham pressa em chegar, porque não sabiam aonde iam. Expulsos de seu paraíso por espadas de fogo, iam ao acaso, em descaminhos, no arrastão dos maus fados. Fugiam do sol e o sol guiava-os nesse forçado nomadismo. Adelgaçados na magreira cômica, cresciam, como se o vento os levantasse. E os braços afinados desciam-lhes aos joelhos, de mãos abanando. [...] Não tinham sexo, nem idade, nem condição nenhuma. Eram os retirantes, nada mais.
ALMEIDA, J. Américo de. A bagaceira. Rio de Janeiro: J. Olympio,1978. p.43.
Em relação ao texto, chega-se à conclusão de que
Mãos dadas Carlos Drummond de Andrade
Não serei o poeta de um mundo caduco. Também não cantarei o mundo futuro. Estou preso à vida e olho meus companheiros. Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças Entre eles, considero a enorme realidade. O presente é tão grande, não nos afastemos. Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas. [...]
ANDRADE, Carlos Drummond de. Sentimento do mundo. Rio de Janeiro: Record,2005. p.39.
Segundo os versos, é correto afirmar que o trabalho poético está associado
A um poeta Olavo Bilac
Longe do estéril turbilhão da rua, Beneditino escreve! No aconchego Do claustro, na paciência e no sossego, Trabalha, e teima, e lima, e sofre, e sua! [...]
BILAC, Olavo. In: CANDIDO, Antonio. Presença da literatura brasileira. São Paulo: Difel,1966. p.256.
Os trechos sublinhados nos versos indicam que a atividade do escritor

Escrevo neste instante com algum prévio pudor por vos estar invadindo com tal narrativa tão exterior e explícita. De onde no entanto até sangue arfante de tão vivo de vida poderá quem sabe escorrer. [...]

Como é que sei tudo o que vai se seguir e que ainda o desconheço, já que o nunca vivi? É que numa rua do Rio de Janeiro peguei no ar de relance o sentimento de perdição no rosto de uma moça nordestina. Sem falar que eu em menino me criei no Nordeste. Também sei das coisas por estar vivendo. Quem vive sabe, mesmo sem saber que sabe. [...]

Proponho-me a que não seja complexo o que escreverei [...].

O que escrevo é mais do que invenção, é minha obrigação contar sobre essa moça entre milhares delas. É dever meu, nem que seja de pouca arte, o de revelar-lhe a vida. [...]

Quero antes afiançar que essa moça não se conhece senão através de ir vivendo à toa. Se tivesse a tolice de perguntar "que sou eu?" cairia estatelada e em cheio no chão. É que "que sou eu?" provoca necessidade. E como satisfazer a necessidade? Quem se indaga é incompleto.

LISPECTOR, Clarice. A hora da estrela. Rio de janeiro: J. Olympio,1981. p.16-20.


Apesar de o personagem-narrador aparentar pedir desculpas ao leitor pela narrativa que apresentará, não desiste de escrever e atribui a necessidade de escrever