O Brasil nunca mais seria o mesmo após aqueles três dias de vertigem e vaias no teatro refinado de São Paulo. A Semana de Arte Moderna apresentou ao país seus “neotupis”: os poetas Mário e Oswald de Andrade, a pintora Anita Malfatti, o compositor Villa-Lobos. A Semana rompeu com o passado e apresentou o Brasil das letras ao Brasil das calçadas. Plantou o pau-brasil — e só poupou o Machado.
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As vaias viraram urros e os urros se tornaram ofensas. O poeta seguia berrando, sob os riffs lancinantes da guitarra: “Vocês estão por fora. Vocês não dão pra entender. Mas que juventude é essa? Vocês são iguais sabem a quem? Sabem a quem? Àqueles que foram no Roda Viva e espancaram os atores. Não diferem em nada deles”. Era 12/9/1968 e, acompanhado dos Mutantes, Caetano Veloso estava tentando apresentar a canção É proibido proibir.
Eduardo Bueno. Brasil: uma história — cinco séculos de um país em
construção. São Paulo: Leya, 2010, p. 319-20 e p. 403 (com adaptações).
Tendo o texto acima como referência inicial e considerando aspectos marcantes da cultura brasileira, julgue os itens que se seguem.
Mencionada no texto, Roda Vida é nome de canção e de peça teatral de Chico Buarque cuja encenação ocorria em ambiente de radicalização ideológica entre esquerda e direita, quando o regime autoritário se preparava para enrijecer-se, o que se concretizou com o Ato Institucional n.º 5.