[...]

Fico na frente da televisão para aumentar o meu ódio. Quando minha cólera está diminuindo e eu perco a vontade de cobrar o que me devem eu sento na frente da televisão e em pouco meu ódio volta. Quero muito pegar um camarada que faz o anúncio de uísque. Ele está vestidinho, bonitinho, todo sanforizado, abraçado com uma loura reluzente, e joga pedrinhas de gelo num copo e sorri com todos os dentes, os dentes dele são certinhos e são verdadeiros [...]. Agora está ali, sorrindo, e logo beija a loura na boca. Não perde por esperar. [...]

FONSECA, Rubem. In: 64 contos. São Paulo: Cia. das Letras,2004. p.275.


No fragmento textual, encontra-se subentendida uma crítica velada aos meios de comunicação de massa. Qual é essa crítica?