Leia o Texto II para responder à questão.
Nunca houve tanto diagnóstico de transtorno neurológico infantil. Em apenas um ano, entre 2022 e 2023, cerca de 200 mil crianças e adolescentes com Transtorno do Espectro Autista (TEA) foram matriculados em salas de aula comuns no Brasil, um aumento de 50% segundo o Censo de Educação Básica. Mais do que uma questão para as famílias, esse cenário reflete um novo desafio nos colégios, que só deve crescer neste ano: o de como lidar com salas de alunos cada vez mais diversas e complexas.
Toda criança atípica tem direito a adaptação escolar para que consiga acompanhar pedagogicamente sua turma. “O papel da escola é ensinar da maneira que a criança aprende. A professora colocar todo mundo na cadeira, passar uma fórmula e, se o aluno não atingir a nota, ele é que é errado não é a essência da escola”, afirma a neuropsicopedagoga Ingrid Garrido. “O cérebro da criança atípica não funciona desse jeito. Então é essa criança que vai sempre para a coordenação, é essa que vão achar que é mal educada.”
“Quando saímos da licenciatura não estamos preparados nem para os alunos considerados típicos, quanto mais para os atípicos. Aprende-se na marra!”, brinca a professora Rosangela Senger, que está há 33 anos na profissão e já teve sala em que um aluno tinha TEA, três TDAH e um TOD (transtorno opositor desafiador). Para Rosangela, trabalhar em parceria com a família e os terapeutas é o melhor caminho, independentemente da necessidade em questão. “Não acredito que seja papel somente da escola oferecer a formação ao professor, mas este precisa buscar um aprofundamento para que seus alunos se desenvolvam da melhor forma. Mas te digo: ultimamente, a falta de limite, interesse e respeito de alunos considerados típicos é a nossa maior luta diária.”
(Luciana Garbin. Há cada vez mais diagnóstico de TDAH, autismo e outros transtornos: pais e escolas estão preparados? Disponível em: www.estadao.com.br/cultura,12.02.2025. Adaptado)