Atenção: Para responder à questão, baseie-se no texto abaixo.
[Autobiografia de um historiador]
Não escrevi esta minha biografia com o espirito de confissão tão vendável hoje em dia, em parte porque a única justificativa para essa viagem em torno do ego é a genialidade - não sou nem um santo Agostinho nem um Rousseau -e em parte porque nenhum autobiógrafo vivo seria capaz de contar sua verdade particular sobre as coisas que envolvem outras pessoas vivas sem ferir injustificavelmente os sentimentos de algumas delas.
Este livro também não é uma apologia da vida do autor. Se o leitor não quiser entender o século XX, deve ler as autobiografias daqueles que sejustificam a si mesmos, advogados de sua própria defesa, e as de seu reverso, os pecadores arrependidos.
Estes escritos não são a história do mundo ilustrada pelas experiéncias de um indivíduo, mas a história do mundo dando forma às experiëncias de um indivíduo, ou melhor, oferecendo uma gama de escolhas sempre limitadas, com as quais os homens fazem suas vidas, não nas circunstâncias escolhidas por eles, e sim nas circunstâncias diretamente proporcionadas pelo mundo em volta deles.
Busquei juntar meus temas de modo coerente, com alguma racionalização histórica. Outros historiadores poderão interessar-se por esse aspecto mais profissional do meu livro. Espero, entretanto, que os demais o leiam como uma introdução ao extraordinário século XX, como um relato que é também o itinerário de um ser humano cuja vida não poderia ter ocorrido em outro século.
(Adaptado de: HOBSBAWM, Eric. Tempos interessantes. Trad. S. Duarte. São Paulo: Companhia das Letras,2002, p.10-12)
Considerando-se o contexto, traduz-se adequadamente o sentido de um segmento do texto em: