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Exemplar raro de “Os Sertões”,
com capa original, vai a leilão no Rio
Oferta será no próximo dia 4 de dezembro, em evento da Livraria Letra Viva; livro reflete a obsessão de Euclides da Cunha pelo texto certo
Por Andreza Matais e Weslley Galzo
28/11/2021 (adaptado)
O Estado de S. Paulo
Semanas antes de publicar o clássico Os Sertões, o escritor Euclides da Cunha se isolou numa sala da editora Laemmert & Cia. e corrigiu à tinta, de próprio punho,80 erros impressos em cada um dos mil exemplares do livro. A obsessão do autor pela imagem de seu trabalho tornou ainda mais rara e valiosa a 1ª edição da obra. No próximo dia 4 de dezembro um desses exemplares será leiloado no Rio. Um detalhe: é a primeira vez em 15 anos que uma 1ª edição ainda com a capa original da brochura aparece no mercado de livros raros. Para manter as características do exemplar, a livraria Letra Viva, organizadora do leilão, evitou reencadernar e acondicionou a obra de 632 páginas num estojo.
Exemplar com capa original que vai a leilão
Considerado um marco da literatura e do livro-reportagem, Os Sertões teve seu primeiro lote bancado pelo próprio Euclides. As vendas da obra dispararam logo após lançamento, no final de 1902. Era o surgimento do primeiro best-seller do mercado nacional, primazia dividida com o Canaã, de Graça Aranha, publicado no mesmo ano. Os dois livros tiveram a ousadia de retratar um país diferente daquele conhecido nos grandes centros.
Em 1897, anos antes do clássico ser disputado por leitores nas livrarias da Rua do Ouvidor, no Rio, Euclides, então um jovem engenheiro militar que atuava na propagação dos ideais republicanos, seguiu para o interior baiano como correspondente do Estadão no conflito que envolvia de um lado o Exército e de outro a comunidade sertaneja de Canudos, liderada pelo líder messiânico Antônio Conselheiro.
Crimes cometidos pelos militares foram relatados na obra. De lá para cá, a oficialidade brasileira procurou, sem alardes, desqualificar sem sucesso a versão de Euclides de que as tropas cometeram crimes de guerra, como a decapitação e a execução sumária de prisioneiros.