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Escrevo neste instante com algum prévio pudor por vos estar invadindo com tal narrativa tão exterior e explícita. De onde no entanto até sangue arfante de tão vivo de vida poderá quem sabe escorrer. [...]

Como é que sei tudo o que vai se seguir e que ainda o desconheço, já que o nunca vivi? É que numa rua do Rio de Janeiro peguei no ar de relance o sentimento de perdição no rosto de uma moça nordestina. Sem falar que eu em menino me criei no Nordeste. Também sei das coisas por estar vivendo. Quem vive sabe, mesmo sem saber que sabe. [...]

Proponho-me a que não seja complexo o que escreverei [...].

O que escrevo é mais do que invenção, é minha obrigação contar sobre essa moça entre milhares delas. É dever meu, nem que seja de pouca arte, o de revelar-lhe a vida. [...]

Quero antes afiançar que essa moça não se conhece senão através de ir vivendo à toa. Se tivesse a tolice de perguntar "que sou eu?" cairia estatelada e em cheio no chão. É que "que sou eu?" provoca necessidade. E como satisfazer a necessidade? Quem se indaga é incompleto.

LISPECTOR, Clarice. A hora da estrela. Rio de janeiro: J. Olympio,1981. p.16-20.


Apesar de o personagem-narrador aparentar pedir desculpas ao leitor pela narrativa que apresentará, não desiste de escrever e atribui a necessidade de escrever

Será um grande prazer recebê-los aqui em casa! Sangue bom, boas atitudes e bons momentos são virtudes que só existem em bons amigos. Abraços fraternos.

Disponível em:<https://www.pensador.com/frase/MTQ1NDMxNg/> . Acesso em: 24 out.2017.


No plano sintático, o pronome em destaque funciona como

Faz calor. Os grandes espelhos da parede vieram da Europa no fundo do porão; cristal puro. “Tua avó fez risinhos e boquinhas, namorou dentro desse espelho”. Respondo: “minha avó nunca viu esse espelho, ela veio noutro porão”. Nesse instante chegam os músicos, três: piano, violino, bateria; o mais moço, o pianista tem quarenta anos, mas é também o mais triste, um rosto de quem vai perder as últimas esperanças, ainda tem um restinho, mas sabe que vai perdê-las num dia de calor tocando os Contos dos Bosques de Viena, enquanto lá embaixo as pessoas comem bebem suam sem ao menos por um instante levantar os olhos para o balcão onde ele trabalha com os outros dois: Stein, no violino – cinquenta e seis anos, meio século atrás: espancado com uma vara fina, trancado no banheiro, privado de comida “nem que eu morra você vai ser um grande concertista” e quando Sara, sua mãe, morreu, ele tocou Strauss no restaurante com o coração cheio de alegria – Elpídio na bateria, cinquenta anos, mulato, coloca um lenço no pescoço para proteger o colarinho, o gerente não gosta, mas ele não pode mudar de camisa todos os dias, tem oito filhos, se fosse rico – “fazia filho na mulher dos outros, mas sou pobre e faço na minha mesmo” – e todos começam, não exatamente ao mesmo tempo, a tocar a valsa da Viúva Alegre. Na mesa ao lado está o sujeito que é casado com a Miss Brasil. Todas as mesas estão ocupadas. Os garçons passam apressados carregando pratos e travessas. No ar, um grande burburinho.

Disponível em:<http://totodenadie.blogspot.com.br/2015/07/rubem-fonseca-os-musicos.html> .

Acesso em: 17 out.2017.


Dadas as afirmativas sobre o texto,

I. Apesar de a narrativa não ser linear, o autor, pela sucessão de imagens que descrevem o ambiente e os personagens, cria uma relação de ideias entre cada trecho do texto.

II. Há, no conto, a predominância da descrição e, com isso, o leitor apreende o tema: o descontentamento dos músicos.

III. No texto, a coesão e a coerência são constituídas pela presença de elementos coesivos como o uso de pronomes e de conectivos.


verifica-se que está(ão) correta(s)



Dadas as afirmativas a respeito das falas apresentadas na tirinha,

I. No primeiro quadrinho, tem-se um período composto por subordinação.

II. No segundo quadrinho, há quatro orações coordenadas.

III. A expressão dos namorados (1º quadrinho) tem idêntica função sintática da palavra enorme (2º quadrinho).

IV. O conectivo e (2º quadrinho) poderia ser substituído por uma vírgula, sem prejuízos de sentido.

V. Na construção do último quadrinho, foi usado um verbo de ligação mais predicativo do sujeito.

verifica-se que estão corretas

O dilema entre o perdão e a vingança

Thomaz Favaro


A luta entre a sabedoria que leva à reconciliação e o desejo de retaliar é mais antiga que a civilização e continua sendo travada nos dias atuais. A lição da história é que foi através do perdão que a humanidade conseguiu interromper as espirais de violência provocadas pela vingança.

Enquanto dormimos / a dor que não se dissipa / cai gota a gota sobre nosso coração / até que, em meio ao nosso desespero / e contra nossa vontade / apenas pela graça divina / vem a sabedoria.” Esses versos, escritos há 25 séculos pelo poeta grego Ésquilo, formam a mais antiga e, para muitos, a mais bela conclamação ao perdão jamais colocada em pedra, papiro, papel ou tela. [...]

A luta entre a sabedoria que leva ao perdão e o desejo de vingança, porém, é mais antiga do que a civilização e é provável que sobreviva a ela, pelos exemplos a que assistimos hoje por toda parte. [...]

Parece fazer parte do mecanismo instintivo de defesa dos seres humanos responder a um tapa com outro tapa. Os bebês fazem isso com aquele jeito inocente e angelical que torna doloroso chamar a reação de vingança. Dar a outra face é a exceção pregada, com sucesso duvidoso, há mais de 2 000 anos pelo cristianismo. [...]

Disponível em:<http://origin.veja.abril.com.br/030908/p_086.shtml> . Acesso em: 23 out.2017.


Dadas as afirmativas a respeito do texto,

I. Foi apresentada, no texto, uma afirmação categórica de que o desejo de vingança é inerente ao ser humano.

II. O dilema textual consiste no embate dos seres humanos por decidir entre o vingar ou perdoar uma ofensa.

III. A conjunção destacada enquanto introduz uma oração subordinada adverbial, estabelecendo uma relação de proporcionalidade.


verifica-se que está(ão) correta(s)