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Cargo: Analista Judiciário - Execução de Mandados
Ano: 2012
Atenção: As questões de números 11 a 20 referem-se ao texto seguinte.
À sua imagem e semelhança
Já se foi o tempo em que os homens acreditavam ter sido feitos à imagem e semelhança de Deus. Era uma fantasia bonita, que dizia respeito à grandeza dos ideais e à insignificância da condição humana. Se o projeto original do ser humano correspondia à imagem e semelhança de Deus, cada homem particularmente se sabia tão dessemelhante da plenitude divina que deveria viver buscando a perfeição a que estaria destinado. O sentido de uma vida se escreveria, assim, de trás para a frente; era preciso agir de tal modo a fazer valer a aposta antecipada do Criador a respeito de suas criaturas.
A era da religiosidade terminou no Ocidente, libertando os homens da servidão milenar em relação aos planos traçados por um Outro onipotente, onisciente e onipresente. O homem contemporâneo continua procurando um mestre a quem servir e, em última instância, vai encontrá-lo em algumas representações inconscientes, onde se preserva a fantasia infantil sobre a onipotência do Outro. Por outro lado, o desamparo deixado pela falta de um Deus provocou uma onda de novos fundamentalismos religiosos. Mas a religiosidade pós-moderna é uma espécie de religiosidade de resultados, que invoca as forças celestes para garantir as ambições terrenas dos fiéis.
O homem ocupa hoje o centro de sua própria existência. Essa emancipação nos confronta com o vazio. Não há Ninguém lá, de onde esperávamos que um Pai se manifestasse para dizer o que deseja de seus filhos. Não fomos feitos para corresponder à imagem e semelhança de Deus nenhum. Trata-se agora de reproduzir a imagem e semelhança de nós mesmos. Essa é a fantasia, ao mesmo tempo grandiosa e hedionda, da clonagem. Grandiosa pelo poder que confere à ciência e aos seus sacerdotes, supostamente capazes de abolir o acaso e a indeterminação da vida. Hedionda − pelas mesmas razões.
(Trecho adaptado de Maria Rita Kehl. 18 crônicas e mais
algumas. S. Paulo, Boitempo, 2011, p.109-10)
O segmento grifado na frase acima preenche corretamente a lacuna frase:
Cargo: Analista Judiciário - Informática
Ano: 2014
Atenção: Considere o texto abaixo para responder às questões de números 12 a 14.
ANTES QUE O CÉU CAIA
Líder indígena brasileiro mais conhecido no mundo, o ianomâmi Davi Kopenawa lança livro e participa da FLIP enquanto relata o medo dos efeitos das mudanças climáticas sobre a Terra.
Leão Serva
Davi Kopenawa está triste. “A cobra grande está devorando o mundo”, ele diz. Em todo lugar, os homens semeiam destruição, esquentam o planeta e mudam o clima: até mesmo o lugar onde vive, a Terra Indígena Yanomâmi, que ocupa 96 km2 em Roraima e no Amazonas, na fronteira entre Brasil e Venezuela, vem sofrendo sinais estranhos. O céu pode cair a qualquer momento. Será o fim. Por isso, nem as muitas homenagens que recebe em todo o mundo aplacam sua angústia.
Ele decidiu escrever um livro para contar a sabedoria dos xamãs de seu povo, a criação do mundo, seus elementos e espíritos. Gravou 15 fitas em que narrou também sua própria trajetória. “Não adianta só os brancos escreverem os livros deles. Eu queria escrever para os não indígenas não acharem que índio não sabe nada.”
A obra foi lançada em 2010, na França (ed. Plon), e no ano passado, nos EUA, pela editora da universidade Harvard. Com o nome “A Queda do Céu”, está sendo traduzido para o português pela Companhia das Letras. No fim de julho, Davi vai participar da Feira Literária de Paraty/FLIP, mas a versão em português ainda não estará pronta. O lançamento está previsto para o ano que vem.
O livro explica os espíritos chamados “xapiris”, que os ianomâmis creem serem os únicos capazes de cuidar das pessoas e das coisas. “Xapiri é o médico do índio. E também ajuda quando tem muita chuva ou está quente. O branco está preocupado que não chove mais em alguns lugares e em outros tem muita chuva. Ele ajuda a nossa terra a não ficar triste.”
Nascido em 1956, Davi logo cedo foi identificado como um possível xamã, pois seus sonhos eram frequentados por espíritos. Xamã, ou pajé, é a referência espiritual de uma sociedade tribal. Os ianomâmis acreditam que os xamãs recebem dos espíritos chamados “xapiris” a capacidade de cura dos doentes. Davi descreve assim sua vocação: “Quando eu era pequeno, costumava ver em sonhos seres assustadores. Não sabia o que me atrapalhava o sono, mas já eram os xapiris que vinham a mim”. Quando jovem, recebeu a formação tradicional de pajé.
Com cerca de 40 mil pessoas (entre Brasil e Venezuela), em todo o mundo os ianomâmis são o povo indígena mais populoso a viver de forma tradicional em floresta. Poucos falam português. Davi logo se tornou seu porta-voz.
(Adaptado de: SERVA, Leão. Revista Serafina. Número 75.
São Paulo: Folha de S. Paulo, julho de 2014, p. 18-19)
Cargo: Analista Judiciário - Área Judiciária
Ano: 2011
Atenção: As questões de números 11 a 20 referem-se ao texto seguinte.
Do homicídio*
Cabe a vós, senhores, examinar em que caso é justo privar da vida o vosso semelhante, vida que lhe foi dada por Deus.
Há quem diga que a guerra sempre tornou esses homicídios não só legítimos como também gloriosos. Todavia, como explicar que a guerra sempre tenha sido vista com horror pelos brâmanes, tanto quanto o porco era execrado pelos árabes e pelos egípcios? Os primitivos aos quais foi dado o nome ridículo de quakers** fugiram da guerra e a detestaram por mais de um século, até o dia em que foram forçados por seus irmãos cristãos de Londres a renunciar a essa prerrogativa, que os distinguia de quase todo o restante do mundo. Portanto, apesar de tudo, é possível abster-se de matar homens.
Mas há cidadãos que vos bradam: um malvado furou-me um olho; um bárbaro matou meu irmão; queremos vingança; quero um olho do agressor que me cegou; quero todo o sangue do assassino que apunhalou meu irmão; queremos que seja cumprida a antiga e universal lei de talião.
Não podereis acaso responder-lhes: “Quando aquele que vos cegou tiver um olho a menos, vós tereis um olho a mais? Quando eu mandar supliciar aquele que matou vosso irmão, esse irmão será ressuscitado? Esperai alguns dias; então vossa justa dor terá perdido intensidade; não vos aborrecerá ver com o olho que vos resta a vultosa soma de dinheiro que obrigarei o mutilador a vos dar; com ela vivereis vida agradável, e além disso ele será vosso escravo durante alguns anos, desde que lhe seja permitido conservar seus dois olhos para melhor vos servir durante esse tempo. Quanto ao assassino do seu irmão, será vosso escravo enquanto viver. Eu o tornarei útil para sempre a vós, ao público e a si mesmo”.
É assim que se faz na Rússia há quarenta anos. Os criminosos que ultrajaram a pátria são forçados a servir à pátria para sempre; seu suplício é uma lição contínua, e foi a partir de então que aquela vasta região do mundo deixou de ser bárbara.
(Voltaire − O preço da justiça. São Paulo: Martins Fontes,
2001, pp. 15/16. Trad. de Ivone Castilho Benedetti)
* Excerto de texto escrito em 1777, pelo filósofo iluminista francês Voltaire (1694-1778).
** Quaker = associação religiosa inglesa do séc. XVI, defensora do pacifismo.
Cargo: Analista Judiciário - Área Judiciária
Ano: 2011
Atenção: As questões de números 1 a 10 referem-se ao texto que segue.
[Entre falar e escrever]
Antigamente os professores de ginásio* ensinavam a escrever mandando fazer redações que puxavam insensivelmente para a grandiloquência, o preciosismo ou a banalidade: descrever uma floresta, uma tempestade, o estouro da boiada; comentar os males causados pelo fumo, o jogo, a bebida; dizer o que pensa da pátria, da guerra, da bandeira. Bem ou mal, íamos aprendendo, sobretudo porque naquele tempo os professores tinham tempo para corrigir os exercícios escritos (o meu chegava a devolver os nossos com igual número de páginas de observações e comentários a tinta vermelha; que Deus o tenha no céu dos bons gramáticos). Mas o efeito podia ser duvidoso. Lembre-se por analogia o começo do romance S. Bernardo, de Graciliano Ramos. O rústico fazendeiro Paulo Honório quer contar a própria vida, mas sendo homem sem instrução, imagina um método prático: contaria os fatos ao jornalista local e este redigiria. No entanto... Leiamos:
O resultado foi um desastre. Quinze dias depois do nosso primeiro encontro, o redator do jornal apresentoume dois capítulos datilografados, tão cheios de besteiras que me zanguei: − Vá para o inferno, Gondim. Você acanalhou o troço. Está pernóstico, está safado, está idiota! Há lá ninguém que fale dessa forma!
O jornalista observa então que “um artista não pode escrever como fala”, e ante o espanto de Paulo Honório, explica:
− Foi assim que sempre se fez. A literatura é literatura, seu Paulo. A gente discute, briga, trata de negócios naturalmente, mas arranjar palavras com tinta é outra coisa. Se eu fosse escrever como falo, ninguém me lia.
Então Paulo Honório põe mãos à obra do seu jeito, “escreve como fala” e resulta o romance S. Bernardo, um clássico de Graciliano Ramos.
(Adaptado de Antonio Candido, O albatroz e o chinês)
* Ginásio: antiga denominação de período escolar, que hoje corresponde às quatro últimas séries do ensino fundamental.
Cargo: Analista Judiciário - Área Judiciária
Ano: 2014
Atenção: Para responder às questões de números 1 a 7, considere o texto abaixo.
O MAQUINISTA empurra a manopla do acelerador. O trem cargueiro começa a avançar pelos vastos e desertos prados do Cazaquistão, deixando para trás a fronteira com a China.
O trem segue mais ou menos o mesmo percurso da lendária Rota da Seda, antigo caminho que ligava a China à Europa e era usado para o transporte de especiarias, pedras preciosas e, evidentemente, seda, até cair em desuso, seis séculos atrás.
Hoje, a rota está sendo retomada para transportar uma carga igualmente preciosa: laptops e acessórios de informática fabricados na China e enviados por trem expresso para Londres, Paris, Berlim e Roma.
A Rota da Seda nunca foi uma rota única, mas sim uma teia de caminhos trilhados por caravanas de camelos e cavalos a partir de 120 a.C., quando Xi'an − cidade do centro-oeste chinês, mais conhecida por seus guerreiros de terracota − era a capital da China.
As caravanas começavam cruzando os desertos do oeste da China, viajavam por cordilheiras que acompanham as fronteiras ocidentais chinesas e então percorriam as pouco povoadas estepes da Ásia Central até o mar Cáspio e além.
Esses caminhos floresceram durante os primórdios da Idade Média. Mas, à medida que a navegação marítima se expandiu e que o centro político da China se deslocou para Pequim, a atividade econômica do país migrou na direção da costa.
Hoje, a geografia econômica está mudando outra vez. Os custos trabalhistas nas cidades do leste da China dispararam na última década. Por isso as indústrias estão transferindo sua produção para o interior do país.
O envio de produtos por caminhão das fábricas do interior para os portos de Shenzhen ou Xangai − e de lá por navios que contornam a Índia e cruzam o canal de Suez − é algo que leva cinco semanas. O trem da Rota da Seda reduz esse tempo para três semanas. A rota marítima ainda é mais barata do que o trem, mas o custo do tempo agregado por mar é considerável.
Inicialmente, a experiência foi realizada nos meses de verão, mas agora algumas empresas planejam usar o frete ferroviário no próximo inverno boreal. Para isso adotam complexas providências para proteger a carga das temperaturas que podem atingir 40 °C negativos.
(Adaptado de: www1.folhauol.com.br/FSP/newyorktimes/122473)