No debate sobre o trato pedagógico dos conteúdos de Recreação e Lazer nas aulas de Educação Física no Brasil, diferentes abordagens teóricas e metodológicas têm se manifestado ao longo da história da disciplina. Tais perspectivas variam desde visões funcionalistas, instrumentalistas e culturalistas — que entendem o lazer como um complemento ao trabalho, um meio de reprodução da força de trabalho e consumo cultural —, até visões mais críticas, que buscam analisar as determinações socioeconômicas, políticas e culturais que impactam o trabalho, o “tempo livre” e o lazer neste século. A partir desse contexto, e considerando as críticas marxistas ao lazer (Oliveira,2022) — segundo as quais o lazer deve ser compreendido como mediação historicamente determinada pelas relações sociais de produção e inseparável da centralidade do trabalho na formação humana —, analise as assertivas a seguir:

I. O principal papel da Educação Física é instrumentalizar os alunos com um repertório diversificado de atividades recreativas, como jogos e esportes, para que possam utilizá-las no seu “tempo livre”, promovendo saúde, socialização e bem-estar, em complemento às exigências do mercado de trabalho.

II. Uma perspectiva crítica do lazer na Educação Física entende que é fundamental historicizar o surgimento e a apropriação do tempo de lazer no capitalismo, evidenciando como ele se insere no contexto da produção e reprodução das relações sociais, e como as escolhas de lazer são frequentemente mediadas pelo consumo e pelo fetichismo da mercadoria.

III. O objetivo da Educação Física é conscientizar os alunos sobre a importância de escolhas individuais de lazer compatíveis com a preservação ambiental e a sustentabilidade, priorizando o equilíbrio entre vida pessoal e profissional como forma de reduzir o estresse cotidiano.

IV. Uma abordagem crítica do lazer na Educação Física problematiza a aparente coexistência entre fruição e precarização do tempo, evidenciando que, longe de um paradoxo, essa contradição expressa o agravamento das desigualdades sociais e a limitação real do acesso à cultura como direito.

Quais estão corretas?