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Durante muito tempo, os estudos sobre a Pré-História foram guiados por modelos interpretativos que buscavam explicar a trajetória humana como uma evolução linear e universal, baseada em etapas fixas como caça, agricultura e domesticação de animais. No entanto, pesquisas arqueológicas recentes, aliadas a áreas como genética, antropologia e paleoclimatologia, têm demonstrado que os processos culturais e tecnológicos foram diversos, complexos e nem sempre ocorreram da mesma forma em diferentes regiões do planeta.


Considerando essas novas abordagens interpretativas, qual afirmação expressa uma perspectiva contemporânea sobre a compreensão das culturas pré-históricas?

Nas últimas décadas, novas abordagens historiográficas renovaram os modos de produzir conhecimento histórico, questionando modelos explicativos amplos e privilegiando perspectivas mais sensíveis às experiências individuais, às subjetividades e às narrativas fragmentadas. No texto apresentado, Carlo Ginzburg é citado como um dos principais responsáveis pela formulação de um paradigma interpretativo baseado na análise de vestígios, sinais e indícios, aproximando o trabalho do historiador do método investigativo.


Essa metodologia, que se consolidou especialmente na Itália a partir da década de 1970 e influenciou fortemente a produção historiográfica no Brasil e na América Latina, ficou conhecida como:

No dia 20 de julho de 2019, a jornalista Thatiany Nascimento publicou, no portal G1, a matéria intitulada Campo de concentração onde “flagelados da seca” eram aprisionados é tombado no Ceará. A reportagem informa sobre o tombamento do imóvel que havia se tornado patrimônio histórico-cultural no município de Senador Pompeu, localizado na mesorregião dos sertões cearenses. Disponível em: https://g1.globo.com/ce/ceara/noticia/2019/07/20/campo-de-concentracao-onde-flagelados-da-seca-eram-aprisionados-e-tombado-no-ceara.ghtml. Acesso em 20 out.2025.


Em 22 de setembro de 2025, cinco anos depois, o jornalista Mateus Mota publicou, no jornal O Povo, a reportagem especial A história apagada das secas e da urbanização de Fortaleza, na qual apresentou um apanhado histórico referente ao período entre 1915 e 1932, quando o Estado do Ceará instalou campos de concentração para afastar milhares de sertanejos afetados pela seca, os confinando em locais como Senador Pompeu, Fortaleza, Crato, Ipu, Quixeramobim e Cariús. Destaca-se, nessa última reportagem, a impactante afirmação sobre condicionamentos, subordinação e autoritarismo no processo de urbanização da capital cearense: “Entre secas, migrações e campos de concentração, Fortaleza foi construída e habitada por uma multidão de migrantes, que vieram ao litoral fugindo dos efeitos devastadores da estiagem. Hoje, a memória se distanciou desses retirantes, mas o legado histórico deles continua vivo nas paredes que ajudaram a levantar e nas comunidades que surgiram com seus descendentes.” Disponível em: https://mais.opovo.com.br/reportagens-especiais/campos-de-concentracao-ceara/2025/09/22/a-historia-apagada-das-secas-e-da-urbanizacao-de-fortaleza.html. Acesso em 10 nov.2025.



Em 2019, as ruínas desses campos foram tombadas como patrimônio histórico-cultural municipal, o que motivou discussões sobre apagamento de memórias, construção identitária e o papel da escola no reconhecimento dessas práticas autoritárias. As condições nos campos eram precárias, marcadas por escassez alimentar, falta de infraestrutura e alta incidência de doenças.


Imagem associada para resolução da questão

Figura 3. Campo de concentração tombado patrimônio histórico-cultural em Senador Pompeu. Fotografia. Camila Lima/ SVM


Considerando o contexto da história regional, do ensino de História e da preservação da memória social e do patrimônio histórico material, marque a alternativa CORRETA.

Nas últimas décadas, o debate historiográfico tem problematizado a relação entre narrativa, representação e verdade histórica. Historiadores como Roger Chartier, José D’Assunção Barros e Vavy Pacheco Borges afirmam que a história, ao ser escrita, não reproduz o passado tal como ele foi, mas o constrói discursivamente através de escolhas interpretativas, métodos e mediações documentais. Nesse sentido, discutir os limites e aproximações entre história e ficção tornou-se um eixo importante para compreender a produção do conhecimento histórico contemporâneo.
“São os homens que fazem a história; mas, evidentemente, dentro das condições reais que encontramos já estabelecidas, e não dentro das condições ideais que sonhamos. Eis aí a razão de ser, a justificativa da história, em seu segundo sentido: o conhecimento histórico serve para nos fazer entender, junto com outras formas de conhecimento, as condições de nossa realidade, tendo em vista o delineamento de nossa atuação na história” (Borges, Vavy Pacheco. O que é História? São Paulo: Brasiliense,1993, p.48).

Com base nas reflexões apresentadas pela citação acima e nos seus conhecimentos históricos, leia as afirmativas e marque a alternativa correspondente:


I. A história, enquanto discurso, procura representar o real passado, mesmo sabendo que ele já não existe mais como experiência direta.

II. A ficção pode dialogar com o real, mas não assume compromisso com sua representação factual ou com validações documentais.

III. História e ficção operam como discursos equivalentes, sem distinções quanto aos seus objetivos e métodos.

IV. A escrita da história depende da interpretação dos vestígios documentais e das mediações culturais que moldam o olhar do historiador.

V. A história garante uma transparência total entre o acontecimento passado e sua narrativa, eliminando qualquer possibilidade de subjetividade.

VI. Tanto a história quanto a ficção lidam com linguagem e construção narrativa, mas diferem em relação aos seus critérios de prova, método e compromisso com evidências.
No início da colonização portuguesa na América, a Coroa buscou estratégias para ocupar o território e reduzir seus custos administrativos. Uma das primeiras medidas foi a implementação do sistema de capitanias hereditárias, no qual particulares recebiam terras extensas com a responsabilidade de administrá-las, defendê-las e promover sua exploração econômica. Do ponto de vista do processo histórico da colonização, e considerando os desafios enfrentados nesse modelo, marque a alternativa que expressa uma característica documentada historicamente, e que esteja relacionada ao funcionamento das capitanias hereditárias.